Ando na busca de sentido; Nas linhas me embaraço.
Na insaciável tentativa de dizer-te o que jamais foi dito. Gritos dissonantes do passado, transfigurando-se em mundos distantes de onde o sentido escapa.
Desligo-me do grito aflito esporádico, na tentativa de pintar o invisível. Fujo de clichês, busco humanizar o humano escondido no cotidiano.
Convoco as cores, flores e melodias, na tentativa de construir o inesgotável.
A inspiração me parece um relâmpago: num instante surge iluminando tudo ao redor, noutro foge na astuta velocidade da luz. Mais rápido que a velocidade dos meus dedos, mais rápido que a velocidade do meu pensamento.
E nessa corrida desesperada o que resta é o tempo perdido e as cinzas pelo ar, sem letras ou tentativas, Que se põem a vagar.
Calmaria ou turbilhão? Os devaneios não querem escapar.
Frases soltas sempre ecoam. Temas, versos, fatos, unidos na tentativa de pintar retratos cuja tinta insiste em escorrer pelos lados.
A pintora sem tinta ou pinceis, a que tenta escrever e nem ao menos sabe fazê-lo, a contempladora do nada, a jardineira sem jardim. A que perde versos pela eternidade, a vencida pela tecnologia dos códigos binários. A caçadora de devaneios tolos.