sexta-feira, 30 de julho de 2010

Living in a live show.


Imagem por: Raquel Santana in: Flickr

"Deine Worte gleiten in den Morgen
In einen zarten rosa Schleier
Der sich uber der Natur erhebt
Verblassen sie und schweigen stille
Nur die Sehnsucht meiner Stimme
Im flehenden Gebet
Entsinnt sich Deiner Worte
Die Du in mich gelegt
So verstummt auch meine Hoffnung
Und die Stille entfacht den Krieg"
(Am Ende Der Stille - Lacrimosa)

Certa vez me indagaram sobre as músicas que eu escuto. Por que gosta tanto de música? Você se identifica com elas? A resposta para a segunda pergunta é: Na maioria das vezes, não. A segunda resposta, lhes apresentarei em breve.
As músicas me tocam de uma forma que eu jamais saberia explicitar em palavras, gestos, pintura ou qualquer outra expressão de arte. Nem mesmo com a propria música que, alguma vezes representam o que eu estou sentindo, muitas tantas vezes representa o que eu queria sentir, e tantas outras o que eu nem ao menos vivi.

O fato é que, na minha opinião, uma boa música é como um bom livro: Eleva meu espírito, faz-me sentir parte integrante daquilo e isso pode ser em forma de suspense, romance, drama, terror, comédia. Eu como ouvinte, me sinto mais como uma atriz em um palco, uma intéprete; Há vezes que me sinto como plateia estupefata mas esse não é meu local favorito.

Quando a música me toca, gosto de estar com ela, ouvi-la como se ela me conduzisse a lugares distantes, universos paralelos onde talvez jamais minha imaginação sozinha fosse capaz de me conduzir.

Às vezes, apenas uma palavra é capaz de evocar emoções jamais experimentadas por mim, algumas vezes por falta de opção e na maioria das vezes por eu propria não querer que elas sejam evocadas.

Assim, a música é meu porto seguro, o local onde posso interpretar, sentir e viver como eu quiser, é meu quarto acolchoado onde posso debater-me com minhas emoções e inventá-las, reinventá-las mas nunca forjá-las.

~ So think, listen and live the music. ♫

Sobre a música do início, é um exemplo de música que me faz sentir, tanto na letra quanto na melodia, mesmo que eu não tenha vivido aquilo da letra.


terça-feira, 27 de julho de 2010

A arte de forjar um sentimento.


Imagem por: Aline Spezia

Mundo de sorrisos, cores, alegrias, felicidade [?]. Será que estamos dispostos a encarar a tristeza que há na felicidade? Eternizar esse sentimento, ao meu ver nunca foi algo saudável a se fazer. Mas, mais uma vez pareço está tendo devaneios. Como assim a alegria não é boa? O que você está dizendo? Isso que me perguntariam.
Vejamos da seguinte maneira: Quando se quer estar alegre o tempo todo, quando se responde um "tudo" não pensando à pergunta "tudo bem?", o medo de ter que responder um não e ser julgado, os excessos, os sorrisos falsos. Será mesmo que eu que estou tendo devaneios ou quem forja os sentimentos é que é digno do título?
Será mesmo que o outro lado da moeda merece de fato ser ignorado? O que há de tão errado em se permitir sentir? Será mesmo que vale a pena se investir numa busca cega a procura de algo nunca vivido em sua plenitude ou seria mais acertado acreditar no poder do momento, na transformação do acaso na indescrição do agora? E, por que não dizer no equilíbrio de forças...
Sim, por que não olharmos para a natureza, as cadeias alimentares. Quem é o vilão ou o mocinho na estória, afinal? Quando nos deparamos com documentários sobre a vida animal, por que torcer contra o leão e a favor do cordeiro?
Por que essa preferencia pelo belo, meigo, enfim pelo "bem"... Será que este ultimo de fato existe?
Será mesmo que o sofrimento é algo ruim ou tudo não passa de uma eterna tentativa de neutralidade e equilíbrio, afinal? Nesse caso, por que se preocupar por estar no looping de uma montanha russa se no segundo seguinte estaremos em terra firme?
Se eu lhes disser que vivemos em uma teia de sentimentos cujo nenhum dele é digno de ser mais vangloriado do que os outros, estaria eu reinventando ou apenas enxergando?

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Túneis do tempo, desventuras e jabuticabeiras-Parte 3

Epistola 3: Caça ao tesouro [?] perdido.
Voltando pro presente, fui à procura do meu livro com o coração apertado e aquela sensação novamente, por que tantos calafrios? Minha mãe respondeu que ele estava naquele quarto: aquele repleto de lembranças, caminhei até lá e procurei, procurei, desesperadamente na esperança de achar meu livro, como se fosse um objeto mágico uma chave de portal ou algo parecido. Tentativa frustrada. Eram tantas lembranças e historias cravadas em objetos, tantas recordações que me atravessam como um punhal, mas também me banham como se fossem pétalas de rosas, negras; Mas ainda rosas. Foi demais pra mim, quero abandonar o barco, amarelei, posso fugir? Não sei lidar com esses sentimentos. É demais pra mim; estou lutando para me recompor, tentando me manter no presente. Estou lutando para me recompor; Que sentimentos são esses que bombardeiam minha mente? Quando me tornei tão nostálgica? Na verdade sei a resposta, a pergunta é que está errada, ela seria: Quando essa nostalgia começou a me fazer mal a ponto de eu não poder carregar o peso das lembranças? Essa resposta eu não tenho. Mas algo novo surgiu: Uma vontade de voltar ao presente. Mudança de planos! Onde está o portal de acesso ao túnel do tempo? Onde eu deixei? Seria esse portal o livro ou o esquecimento? Será que foi mesmo bom ter voltado no tempo? Devo voltar àquele quarto das lembranças e procurar? Essas perguntas não sei só sei que quero voltar pra minha casa. Tenho medo do mundo das lembranças, prefiro mil vezes os fantasmas do futuro. Isso pareceria absurdo até pra mim um tempo atrás...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre coisas evanescentes.



Amizades instantâneas, quase-amores efêmeros, pessoas que você adora hoje e ignora amanhã. Coisas naturais, ao meu ver. Surpresos? Por qual motivo já que estamos imersos em tempos líquidos¹ onde a fragilidade das relações é algo gritante... Por que se surpreender com a verdade que salta aos nossos olhos? Pois é assim que as coisas acontecem: instantaneamente a tal felicidade não escapa a isso, nem aquele sentimento que todos fazem questão de idealizar e eternizar: O amor. Ele não foge a regra, mas acompanha a “evolução” humana, afinal é uma criação do mesmo homem que tenta submeter a magnitude das coisas ao tic-tac acelerado do relógio. Não é minha intenção fazer um texto que fale sobre globalização, capitalismo, oh, culpa dos estados unidos. Não mesmo, acho que a culpa —se é que ela existe— Está em nós mesmos. Em normalizar essa passagem rápida na vida das pessoas, em normalizar um não olhar pro lado com pressa de chegar em algum lugar, um não escutar o outro por achar que temos problemas demais. Também não é intenção minha apontar erros, mas caminhar a discursão para a busca de um olhar diferente. Que por ser tão obvio e repetitivo nos impede de analisar com cuidado. Não é uma tentativa de mostrar a beleza utópica de amizades eternas ou todos os amores para sempre mas apenas que nós façamos nossa parte nas relações, não passemos despercebidos na vida alheia, que façamos a diferença, essa é minha eterna tentativa.

Amizades passageiras tem sua importância, as pessoas não são obrigadas a nos acompanhar sempre, afinal mudanças constantes ocorrem com todos, mas desde que não viremos uma máquina de metamorfoses ambulantes, está tudo certo. Máquinas de metamorfoses ambulantes não se importam tanto com os sentimentos alheios, usam a filosofia de vida "Dane-se, mais na frente acharei um melhor que você." Ledo enganoou não. O fato é que talvez esse alguém ache mesmo, talvez ache melhores e faça a mesma coisa, talvez nunca ache, afinal as pessoas são únicas seja nas suas besteiras, superficialidade, genialidade, excentricidade ou o que seja.

Sobre amores instantaneos, não tenho muito a acrescentar [sim, sou sincera quando quero tratar de algo que acho minha opinião obvia e dispensável] o fato é que esse tipo de sentimento é relativamente importante sim, seja pra alimentar a ilusão de estar se vivendo algo unico, seja pra usar como desculpas por não está só. Amores passageiros e líquidos são bastante comuns hoje em dia, mais até do que muitos possam pensar...

-Agradecimentos a Dimitra, pela sugestão do tema [Sorry, talvez não tenha ficado como você esperava mas eu tentei demostrar meu pensamento em linhas e mais uma vez resultou em tolos devaneios]

¹Inspirado em Tempos líquidos de Zygmunt Bauman


domingo, 18 de julho de 2010

Inspiração.


“Vazio agudo. Ando meio cheio de tudo.”-Paulo Leminski
Mas ao mesmo tempo inspirada. O vazio ainda não perdura em minha mente. Sempre surge uma voz, um grito, algo que pede pra sair, que eu traduzo em palavras que saem sem esforço. Que impulso é esse que me leva pra frente do computador e me faz digitar coisas que eu nem sinto mais que estou digitando? Que impulso é esse que me leva até o caderno e me faz escrever como se minhas mãos fossem de ferro e eu estivesse com o braço anestesiado? Às vezes parece algo que vem de fora, às vezes de dentro. Mas quem se importa? A pergunta central seria o porquê. Por que vens? Por que vens e me atormenta? Por que me manipula e depois me abandona? Por que você não sobe em balanças? Por que me invade sem pedir licença, se apoderas de mim e me abandona? Por que me faz compor, o que pra mim parece ser a mais linda melodia e depois deixa-me frustrada por não saber continuar? Não gosto de coisas incompletas, apesar de eu ser incompleta. Sei que estou pedindo demais mas essa é minha natureza, se assim não fosse, esse alguém poderia ser todos, menos eu. Não quero mandar em você. Só quero que fique... Que não me deixes, mas ao mesmo tempo, não me sufoques. Suba em balanças, adote sinos de aviso, marque horário, bata na porta, seja educada. E jamais me esqueças.

Túneis do tempo, desventuras, jabuticabeiras. Parte II


Epístola 2: Choques da razão.

Hoje não tenho mais os quitutes da tia Nastácia, e meu estômago ronca, minha boca saliva mas só os quitutes dela podem saciar minha fome e só de lembrar disso meu coração dá mais um aperto e meus olhos se enchem de uma substancia liquida que veio insinuando aparecer em meus olhos. Balanço a cabeça e mando essa sensação estranha ir embora. Mas a verdade ameaça assombrar minha doce desventura, algo no meu peito tenta me alertar que algo que eu preferia não ouvir, mas voz dura me diz: Por mais que você queira, você não é mais a Narizinho. Duras palavras. Mas tento ponderá-las, pelo menos não a de antes. Pensando nisso tenho um choque de realidade e nada melhor do que o cotidiano pra me ajudar no meu exercício preferido: Encontrar respostas. Vejo que hoje me oferecem livros de vampiros que brilham na luz do dia, enquanto eu peço um livro de filosofia. Nada contra vampiros purpurinados, como diria meu professor, em outras ocasiões: "É horrível, mas eu respeito" Sempre ri ao ouvir essa frase... Sei que já estou desrespeitando, mas dane-se esse espaço é meu! Tenho direito de expressar nessas linhas todo meu desapontamento, se é que alguém tem o direito de estar chateada com isso tudo, esse alguém sou eu. - Como um esforço sobre-humano, desvio dessa questão e tento voltar a minha desventura e continuar do ponto que parei: O lindo sítio do pica pau amarelo, sempre tento pensar em coisas boas como se isso fosse um amuleto para afastar as coisas ruins. Mas os choques de realidade vem de todos os cantos, lembro-me nitidamente da ocasião que minha mãe quis vender minha coleção de Monteiro Lobato na mesma sebo que me ofereceu o livro de "filosofia vampiristica", quase tive uma parada cardíaca que nem os aparelhos mais modernos teriam capacidade de me reanimar. Me controlei, tentei manter o foco, tudo em vão: Meus olhos que sempre foram pequenos se esbugalharam a um tamanho não normal e eu senti um calafrio percorrer todo meu corpo, minha cor desbotou, a voz custou a sair: NÃO! NÃO! Jamais! Meus olhos se encheram do mesmo maldito líquido salgado que insiste cair dos meus olhos mais uma vez, só de lembrar da cena, meu coração de desfaz em pedaços. O peso das lembranças é algo realmente cruel.Mas deixemos isso de lado, agora é hora de um grande conflito ser travado. Meu lado auto-avaliativo diz que o egoísmo me atacou vez: Não quero que minha magia, meu mundo, seja distribuída por aí, não se dá perolas a porcos! (shit, fui pra um assunto indelicado novamente, sinto que estou começando a revelar minha personalidade ácida nessas linhas, mas dane-se mais uma vez!) O fato é que, assim que cheguei em casa quis saber o paradeiro da minha linda coleção de capa verde, que na verdade é a grama onde passeiam tranquilos e intactos os personagens da obra. É como se eu pudesse senti-lo em minhas mãos, como se a Narizinho gritasse por socorro, dentro do livro e achasse apoio na Narizinho que há dentro de mim, em algum lugar. Foi como se eu pudesse voltar no tempo, estar debaixo do antigo pé de carambola (imaginando-o como um pé de jabuticaba. -Como é um pé de jabuticaba? Eu não sei até hoje, mas naquele tempo sabia. Mais até do que se eu tivesse a oportunidade de ver um real hoje, o pé de jabuticaba que jaz dentro de mim, é mais belo de que todas as reais jabuticabeiras. Talvez eu não me depare mais com pés de jabuticabas tão belos quanto aqueles que minha imaginação fértil de menina de 9 anos criava.

imagem por: Murilo Porto; Em: Flickr

— Continua, aguardem.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tan na na na tan tan tan .


Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan Tan na na na tan tan tan.

#Dedicado a você que acha dragonforce só solo. Também quero ser só solo, por que acho as letras geniais. :* [Ps: Não se ofenda]
#Dedicado a você também Mirror, por ter me pedido mais um texto hoje.
-Fim, chega de devaneios por hoje.

Febre, música, {cala}frio, violão.
















Esse é meu status. Mas será que alguém compreende? Não quero paracetamol, Vitamina C nem antibióticos, eu só quero sentir, mergulhar nessa sensação nova que invade meu corpo. Nunca confiei em remédios mesmo. Sempre odiei cápsulas, pílulas, vitaminas e afins. Quem me garante que elas tem o efeito real? Eu sei, um cético tentaria me responder essa pergunta: A Química, Medicina, Biologia. Sei disso tudo, mas nesse sentido prefiro ser ignorante, quase uma selvagem mesmo. Leio as bulas, consulto pessoas, leio artigos. Mas nada disso me convence, simplesmente por eu não me deixar convencer, eu só quero sentir... Essa sensação estranha, o frio que mais parece calafrio, essa dor que me impede de falar, cantar, gritar. A proibição do banho gelado, andar na chuva, cantarolar músicas tristes que só ficam boas quando você está prestes a partir suas cordas vocais e a estourar os tímpanos dos ouvintes acidentais. Talvez eu estivesse mesmo na hora de descansar. Quem garante que seja isso? Ninguém. Mas eu quero acreditar nessa teoria criada por mim mesma, que não é universal, claro. Se eu tiver morrendo recorrerei a internamentos, hospitais, remédios, ambulâncias. Não sintam ódio de mim médicos, futuros médicos, pessoas que sentem apreço por mim. Eu só quero sentir, nem que seja só por um dia a emoção de apreciar o fracasso do meu sistema imunológico. Os perdedores tem que aprender a perder. Os vencedores merecem aprender a ganhar. Sendo assim, deixo as coisas seguirem sua ordem natural, quando de repente surge algo que ameaça minha integridade teórica: A cura. Acidental e paliativa, mas da mesma forma cura. Esses acordes bem elaborados que invadem meus ouvidos, aqueles acordes mau elaborados que arranham meu tímpano, arranham mais do que a minha própria garganta. E como por ressonância uma dor substitui outra, eu estou curada! Ou pelo menos esquecida. Eu só quero sentir... A união de acordes perfeitos e imperfeitos, a magia do som. A febre vai embora envergonhada e triste. Como uma pessoa traída, substituída. Sorry... :/
Agora sou uma pessoa de violão no colo, cobertor nas costas, fones de ouvidos no ouvido, mãos geladas com uma dor imaginária que precisa ser superada.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Túneis do tempo, desventuras, jabuticabeiras. Parte I



Epístola 1 - O começo de tudo.

"Era uma vez, uma história assim vai começar e todos vocês nesse mundo 'encantando' vão sonhar, é só escutar com atenção e viajar nas asas da imaginação a melancolia vai tomar seu coração." Trecho da música (modificada por mim, é claro) de uma fita, que eu colocava no meu toca-fitas pra acompanhar a narrativa dos meus conto de fadas. Lembro nitidamente da canção que para mim antes era feliz e hoje soa como se fosse um requiém. É incrível como nosso olhar muda com o tempo e como o trecho fez mais sentido hoje por eu ter mudado "apenas" uma palavra, "só" substitui alegria por melancolia. Mas o objetivo não é esse, esse pseudo texto tem o intuito de mostrar pra você, caro leitor (ou pra eu mesma, não ligo se só eu seja leitora assídua dos meus próprios textos) um pouco de como as coisas funcionam na minha cabeça. Apertem os cintos, coloquem suas máscaras e mergulhem um pouco no universo submerso dos meus devaneios num submarino lilás com estrelas brancas conduzido por mim...
Na época, eu não fazia distinção entre livro, televisão, imaginação era tudo a mesma coisa, o mundo real simplesmente não existia; As coisas se confundiam em minha mente, mais ainda do que hoje, se é que isso é possível. Certa vez, em um período que não consigo situar no tempo eu me deparo com algo inédito. Seria ilusão ou realidade? eu estou mesmo no reino do sítio do pica pau amarelo? Lembro-me que naquela época até achava meu nariz semelhante ao da narizinho. Esse fato é até interessante e isso me fez ter um esboço de sorriso quando começo a estabelecer paralelos entre o hoje e o ontem, hoje em dia odeio meu nariz, não lembrava da sensação de ter um nariz da narizinho e ser feliz com aquilo, mas só o vislumbre da magia que era esta envolvida pela atmosfera do sítio do pica pau amarelo me faz gostar mais do meu nariz, da minha curiosidade Emiliana. O que me faz lembrar do meu desapontamento ao ver a mais nova versão do sítio do pica pau amarelo que eu apelido, carinhosamente de sítio da araras vermelhas, sítio dos golfinhos cinzentos, dos macacos marrons, de tudo, menos do pica pau amarelo! Aquela não era a obra de Monteiro Lobato que eu havia lido! Não era daquele jeito que eu via a narizinho, EU era a narizinho, não uma atriz perfeita de nariz perfeito, no sítio do pica pau amarelo, não haviam carros nem cidades que lembram interiores urbanos, o pó de pirlimpimpim fazia magia de verdade e não truques baratos. Era o pó de pirlimpimpim da Emília do sítio do pica pau amarelo que me fazia acreditar na magia das coisas e não o pó de gliter usado pele da boneca de vestido curto, cabelos curtos. Era a Emília de vestido comprido e olhos curiosos que eu imaginava, era ela que me chamava pra conhecer o mundo, era ela que me acordava e me fazia pegar o livro na estante antiga da casa da minha avó, que hoje poderia pertencer tranquilamente a um museu, já que não corresponde a estética moderna, aliás estantes ainda existem em salas de estar? Não importa. Sinto saudades daquela Emília que me puxava pelo braço e insistia, na minha imaginação pra eu ir pra debaixo do pé de carambola (que por sinal hoje está ameaçado de ser arrancado do lugar que sempre esteve, desde que me entendo por gente), colocar uma esteira no chão, transformar mais uma vez a carambola em jabuticaba e enxergar rios imaginários que eu nunca tinha visto, e nunca imaginaram ver, era a Emília ousada que me puxava pelo braço e me levava para o reino das águas claras para conhecer o doutor caramujo, que um dia deu a pílula falante pra você, Emília, me empresta suas pílulas? Preciso delas pra falar com o criador do sítio das araras vermelhas o quanto ele me deixou triste, me empresta sua coragem e ousadia para poder esclarecer pra ele de uma maneira convincente o que sinto quando vejo todo mundo mudado. Quem me entenderia, afinal? Apenas sou o que restou de uma ex narizinho sem Emília, sem Pedro, sem visconde ou rabicó. Sou o que restou das lembranças de algo que nunca aconteceu imersa num reino estranho, buscando explicações sozinha. Não entendo muita coisa da contemporaneidade e arrisco perguntar Há vida pós contemporaneidade? Fica a pergunta no ar, não tentarei respondê-la. Algo mais importante precisa ser feito: Encontrar a máquina do tempo, e é triste ter que fazer isso sem o Visconde. Droga! Ele me meteu em furada de novo.

— Continua, aguardem.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Garotas, mulheres, espelhos e o tempo.



O tempo passou e ela se perguntou o que havia mudado. Dessa vez o espelho encarregou-se de dá as respostas. Não só com imagens de uma pessoa cujo tempo se encarregou de lapidar, mas com outra imagem que nela, despertou um interesse súbito: Aquela expressão incógnita que estava estampada em seu rosto, —O que eu me tornei? Indagou-se —Como isso foi acontecer? E iniciando sua dissecação mental, percebeu que aquele antigo aspecto de preocupação e tensão fora substituído por uma expressão serena que acompanha uma atmosfera de pseudo conformismo. —Não em todos os sentidos. — ponderou, já que nem sempre ela se deparava com o que ela nomeou de cara de paisagem. Recorreu então a uma linha do tempo simplista, de acontecimentos corriqueiros e chegou à conclusão que, situações que dantes eliciavam o medo e insegurança, hoje traziam consigo um bônus: a capacidade de ser serena. O que antes era uma necessidade, se torna hoje uma habilidade, tão automática que é como se ela houvesse sido testada antes. —Não posso dizer que estou mais calma, ou que estou anestesiada, apenas sinto menos, e isso é bom. Creio que aprendi o sentido da expressão deixar o tempo curar. —Sei, mulher-menina, por te conhecer tão bem que, quando você diz isso, não é como um ensaio de um discurso clichê romântico, na expressão”deixar o tempo curar” mas sim diz isso na tentativa de expressar a forma mais simplista de expressão: A ação. Sei que o tempo apenas passou, as feridas cicatrizaram, a ansiedade amenizou, mas não curou. Ah, maldita ansiedade que desaparece nunca, se juntas descobríssemos a cura, seriamos mais ricas que o fabricante do rivotril, mais felizes que as nuvens livres que passeiam pelo céu, mais realizadas que o autor de uma canção que canta como se o canto aliviasse a dor do coração.
Ela resolveu dá início a mais outra etapa da dissecação mental, a pergunta da vez é: Onde está aquela garota que queria mudar o mundo? Lembrou-se de uma resposta, que encontrou há um tempo, automaticamente, enquanto via mais um pôr-do-sol: —Creio que não esteja esquecida ou adormecida, mas talvez substituída e com valores reformulados. Talvez a garota cheia de ideais tenha se transformado numa mulher que sabe que o mundo é grande demais para ser mudado, mas pequeno demais para as infinitas possibilidades. Talvez eu tenha me transformado em alguém que cansou de se espelhar nas pessoas e que hoje olha profundamente para seu próprio reflexo no espelho. — Talvez por isso aquela mulher-menina (e não mais menina-mulher) goste tanto te espelhos e siga sempre uma canção em mente: “Não vou me adaptar”. Mas será mesmo que ela não vai se adaptar?
Sugestão do texto: Saulo Barreto.

sábado, 10 de julho de 2010

A arte de ser inconsequente.


Respirar fundo e contar. Me peguei fazendo isso diversas vezes em um só dia. Quando me perguntei o motivo, deparei-me com uma resposta obvia escondida por tras de um sentimento antigo, que outrora me acompanhava junto ao caos que é ser um ser pensante. Esse tal sentimento é o desconforto que paira sobre mim enquanto vivo situações comuns numa caótica cidade comum.
Tive uma sensação de deja-vu quando senti isso mais uma vez e percebi o quanto estava adaptada a isso, por força do habito, que agora passou. E o que fazer quando o lugar que você viveu maior parte da sua vida, não é mais parte de você ? É assustador ver que, na verdade nunca foi. Pra onde ir e o que fazer quando suas lentes, embaçadas pelo costume, de repente desembaçam? Mais uma pergunta sem resposta. A comodidade é tão reconfortante as vezes... Estou lutando para me recompor ; Exercitando a árdua tarefa de não pensar. Quando olho pra trás e vejo as encrencas que me meti por pensar deveria ser suficiente para me convencer que é melhor não pensar. Mas não é. Falta algo pra me convercer totalmente. Seria mais fácil se não fosse um vício. Essa minha terrível mania de tentar encontrar respostas pra tudo simplesmente me consome. Me faz perder o sono, o prumo, o chão. Deveriam lançar uma ong para isso: P.A - Pensadores Anônimos. Lá executaríamos exercícios para não pensar e ser "feliz". A principal lição seria : A arte de ser incosequente. Ah, a inconsequencia conscientemente forjada: A raiz de todos os problemas mas nem por isso a cura para todo mal.