quarta-feira, 14 de julho de 2010

Túneis do tempo, desventuras, jabuticabeiras. Parte I



Epístola 1 - O começo de tudo.

"Era uma vez, uma história assim vai começar e todos vocês nesse mundo 'encantando' vão sonhar, é só escutar com atenção e viajar nas asas da imaginação a melancolia vai tomar seu coração." Trecho da música (modificada por mim, é claro) de uma fita, que eu colocava no meu toca-fitas pra acompanhar a narrativa dos meus conto de fadas. Lembro nitidamente da canção que para mim antes era feliz e hoje soa como se fosse um requiém. É incrível como nosso olhar muda com o tempo e como o trecho fez mais sentido hoje por eu ter mudado "apenas" uma palavra, "só" substitui alegria por melancolia. Mas o objetivo não é esse, esse pseudo texto tem o intuito de mostrar pra você, caro leitor (ou pra eu mesma, não ligo se só eu seja leitora assídua dos meus próprios textos) um pouco de como as coisas funcionam na minha cabeça. Apertem os cintos, coloquem suas máscaras e mergulhem um pouco no universo submerso dos meus devaneios num submarino lilás com estrelas brancas conduzido por mim...
Na época, eu não fazia distinção entre livro, televisão, imaginação era tudo a mesma coisa, o mundo real simplesmente não existia; As coisas se confundiam em minha mente, mais ainda do que hoje, se é que isso é possível. Certa vez, em um período que não consigo situar no tempo eu me deparo com algo inédito. Seria ilusão ou realidade? eu estou mesmo no reino do sítio do pica pau amarelo? Lembro-me que naquela época até achava meu nariz semelhante ao da narizinho. Esse fato é até interessante e isso me fez ter um esboço de sorriso quando começo a estabelecer paralelos entre o hoje e o ontem, hoje em dia odeio meu nariz, não lembrava da sensação de ter um nariz da narizinho e ser feliz com aquilo, mas só o vislumbre da magia que era esta envolvida pela atmosfera do sítio do pica pau amarelo me faz gostar mais do meu nariz, da minha curiosidade Emiliana. O que me faz lembrar do meu desapontamento ao ver a mais nova versão do sítio do pica pau amarelo que eu apelido, carinhosamente de sítio da araras vermelhas, sítio dos golfinhos cinzentos, dos macacos marrons, de tudo, menos do pica pau amarelo! Aquela não era a obra de Monteiro Lobato que eu havia lido! Não era daquele jeito que eu via a narizinho, EU era a narizinho, não uma atriz perfeita de nariz perfeito, no sítio do pica pau amarelo, não haviam carros nem cidades que lembram interiores urbanos, o pó de pirlimpimpim fazia magia de verdade e não truques baratos. Era o pó de pirlimpimpim da Emília do sítio do pica pau amarelo que me fazia acreditar na magia das coisas e não o pó de gliter usado pele da boneca de vestido curto, cabelos curtos. Era a Emília de vestido comprido e olhos curiosos que eu imaginava, era ela que me chamava pra conhecer o mundo, era ela que me acordava e me fazia pegar o livro na estante antiga da casa da minha avó, que hoje poderia pertencer tranquilamente a um museu, já que não corresponde a estética moderna, aliás estantes ainda existem em salas de estar? Não importa. Sinto saudades daquela Emília que me puxava pelo braço e insistia, na minha imaginação pra eu ir pra debaixo do pé de carambola (que por sinal hoje está ameaçado de ser arrancado do lugar que sempre esteve, desde que me entendo por gente), colocar uma esteira no chão, transformar mais uma vez a carambola em jabuticaba e enxergar rios imaginários que eu nunca tinha visto, e nunca imaginaram ver, era a Emília ousada que me puxava pelo braço e me levava para o reino das águas claras para conhecer o doutor caramujo, que um dia deu a pílula falante pra você, Emília, me empresta suas pílulas? Preciso delas pra falar com o criador do sítio das araras vermelhas o quanto ele me deixou triste, me empresta sua coragem e ousadia para poder esclarecer pra ele de uma maneira convincente o que sinto quando vejo todo mundo mudado. Quem me entenderia, afinal? Apenas sou o que restou de uma ex narizinho sem Emília, sem Pedro, sem visconde ou rabicó. Sou o que restou das lembranças de algo que nunca aconteceu imersa num reino estranho, buscando explicações sozinha. Não entendo muita coisa da contemporaneidade e arrisco perguntar Há vida pós contemporaneidade? Fica a pergunta no ar, não tentarei respondê-la. Algo mais importante precisa ser feito: Encontrar a máquina do tempo, e é triste ter que fazer isso sem o Visconde. Droga! Ele me meteu em furada de novo.

— Continua, aguardem.

5 comentários:

Caroline disse...

Eu adorei, ficou um texto simples e reflexivo, como se você estivesse apenas falando consigo mesma, genial :D texto digno de diário -qq

Jess disse...

Texto reflexivo e narrativo? -Q
Gostei, bem interessante *-*

Allison disse...

Bubiiiiiaaa lendo isso fiquei Cego dos Olhos ^__^

falando do texto ate agora ta roxedo

se cuida BJS

TE AMO PESTEQUEQUERMEDEIXARCEGOTUVAIVERDEPOIS

Felipe Costa disse...

Nuss, não sabia que você também tinha lido o Sítio do Picapau Amarelo... Aliás, os livros das aventuras do povo lá. Tá demais '-' Quero ve ro resto. Ah, se achar o Visconde, me fala onde ele tá ^^

Saulo Barreto disse...

nossa Núbia seu mundo subjetivo é muito fascinante!!! me dá vontade de entrar contigo nas aventuras di sítio ;D, aguardo novos capítulos