quinta-feira, 26 de agosto de 2010

'Broken.



As lentes da razão mais uma vez se quebram, mudando as visões de mundo e fazendo-lhe perceber que a estrada pode ir além do que se pode ver, ainda mais quando ele teve noção que sua visão sempre fora vetada, por lentes invisíveis e transparentes que tendem a embaçar.

Dessa vez pôs-se a pensar nos limites da liberdade. Cansou de colocar-se no lugar de figurante da sua própria existência passiva, mas também viu que não há um lugar para ele como protagonista. Então, antes de pensar no problema, se propôs a se pensar no seu papel frente a ele. Será mesmo que não dá pra se preparar para a tal liberdade.

Pôs-se a fazer a dissecação das idéias. No meio do caminho, deparou-se com a necessidade de definição da palavra. O que seria liberdade afinal¿ Talvez algo relacionado a realização de desejos movimentos que impulsionam o fazer o que quer e quando quiser, o rompimento com barreiras invisíveis. Todos esses exemplos são válidos, só não aceitos por ele.

Acreditava que esse tipo de liberdade não seria algo sadio, mas adoecedor tanto pro individual quanto pro coletivo; Liberdade para ele seria algo relacionado o tipo ter auto-limites, algo que fosse praticamente inato e automático. –paradoxal ~

Mas estava cansado do movimento pendular do mundo, na busca de algo muitas vezes sem sentido, o que acaba levando ao vazio. Vazio agudo.

Que o faz quebrar com a idéia que todo ser é um abacate: Casca dura, polpa espessa e um núcleo central. Uma essência que só de descobre desvendando, com trabalho árduo mas compensador. O levando ao choque, o fato deparar-se com pessoas do tipo cebola, que ele descascava, lacrimejava, contaminava-se e no fim do trabalho árduo: o vazio, a velha angustia de separar-se com o nada.

É como se o mistério instigante se transformasse em algo deveras repudioso e aterrorizante por assim dizer.

Não obstante às pseudo-descobertas, continuou sua análise sem fundamento. Se ser é sentir, o queria dos que não sentem? Pôs-se a vagar enquanto buscava sentido. Sempre foi de pensar melhor enquanto caminha. Dirigiu-se aquela bela paisagem, apreciar o vento e o silêncio, quando deparou com pessoas, relacionando-se e inexoravelmente tudo que havia construído, se desfez, tudo que havia pensado, desmoronou e então se atirou em outro exercício: O de não procurar respostas para tudo, sempre.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

With arms wide open'



"Welcome to this place
I'll show you everything
With arms wide open
Now everything has changed"
(With Arms Wide Open - Creed)

De olhos bem abertos para acompanhar. Será que eu encontrei a máquina do tempo? Voltando no tempo, estou três anos mais jovem, é como se voltasse ao ensino médio. Ansiedade, expectativas, o mesmo temor pela matemática.
Até pude vislumbrar garotas que só falam em garotos em garotos, mas os olhos delas brilham ao fazê-lo enquanto o professor se esforça para enfiar trigonometria na cabeça de alunos que conversam freneticamente na intenção esperanço que o tempo passe logo e chegue a hora mais esperada do dia: A hora do intervalo.
Olhares curiosos em minha direção: Seria uma aluna nova? Transferida? De onde veio? Tênis, meias, caderno, uniforme. Canetas a postos, o show vai começar.
Pessoas quebram a cabeça numa prova de Biologia e um galho cai lá fora, eles nem imaginam o que isso tem de Biologia. O quanto a natureza ensina mais do que qualquer mestre. Mas tentam, se esforçam coçam as cabeças e olham para o ventilador como se nele encontrassem respostas para a prova. Olham pra mim como se perguntassem: — O que você tanto escreve? —Exercício de trigonometria, respondi já que essa foi a primeira coisa que me veio à cabeça.
Não posso me entregar, eles não podem saber que já passei por tudo isso e na verdade sinto falta. –Até eu mesma estou convencida que consegui voltar no tempo, sinto até o sono que nunca passa, a ansiedade pro sinal tocar, ninguém entenderia, enquanto passa por tudo isso. O tédio da rotina os envolve, como um véu fabricado com um tecido jeans que os impede de enxergar que tudo isso é único.
Enquanto escrevo, ouço gritos abafados de uma sala de aula dos alunos irritados: - Professora, a senhora não seu isso em sala de aula. Eu sorrio. Frase clássica. Eu mesma já usei ela diversas vezes. O que me faz pensar se os alunos são universais... Mas vejo que não, é só observar um pouco mais e fazer um esforço para perceber que, por trás daqueles uniformes iguais, comportamentos semelhantes, moram pessoas, diversas e fascinantes.
Cada uma com sua crença, valores, gostos, interesses. Mas algo é universal naquele ambiente: O brilho no olhar, mesmo que as vezes desbotado pelo cansaço da rotina, pelo sono matinal, sono esse que parece eterno, não passa nem com Coca-Cola.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Túneis do tempo, desventuras e jabuticabeiras-Part.4



Epístola 04 – Bônus, enigma e o fim!

Automaticamente, frases soltas me vieram à mente, eu não sei de onde elas surgiram! Elas só podem ter atravessado o portal! Tentarei mostrar pra vocês o enigma, vocês devem me ajudar a desvendá-lo sou uma protagonista fraca e impotente. As frases dizem: "Eu vivo onde as estórias mais malucas e gostosas podem acontecer. Onde um burro dá conselhos e um sabugo pode filosofar. Um menino caça estrelas com badogue e uma boneca arranja encrencas de dar choque. Muitas coisas que só faz quem não sabe, Onde tem o nariz. Nariz, nariz Narizinho. Narizinho arrebitado de olho curioso, do ouvido xereta. No meio da boca tem um riso feliz...nariz...feliz. Ela mora onde as pessoas mais incríveis e estranhas podem aparecer. Peter Pan,Chapeuzinho,Cinderela e o Pequeno Polegar. E os problemas com o Saci e com a Cuca que sempre deixam a vovó quase maluca muitas coisas que só faz quem não sabe onde tem o nariz." ¹
Agora tudo virou de cabeça pra baixo. O monstro virou uma fada e a fada virou um monstro e eu não sei mais quem é vilão ou mocinho nesse conto de fadas macabro. A única dica que posso dá é que eu prefiro me deparar com Saci’s e Cucas, a Narizinho me assusta. Será mesmo que ela precisa de ajuda? Eu estou sendo covarde ou ela tem sido cruel?
Temo que essa pergunta só possa ser respondida por vocês, caros leitores. Nesse momento eu só posso ter certeza de uma única coisa: Quero voltar pra casa. Ou talvez subir em um lugar alto, bem alto e olhar o horizonte seja melhor... Ao chegar no alto, não mais olhar caminho que eu percorri pra chegar nesse lá. Quero escalar uma montanha e saltar de Bungee jumping dela. Vocês teriam medo? Eu não. Prefiro desafiar a gravidade do que desafiar minhas próprias lembranças.
Pois, se tem algo que descobri nessa desventura, essa coisa seria que: Prefiro a obra do acaso do que os fantasmas do passado que me assombram. Pelo menos enquanto eu for uma aventureira covarde que abandona as desventuras pela metade.

#End.

...[But, the and has no end]. ~ [?]
Obs.: O enigma, na verdade é a música “Narizinho” da Bebel Gilberto. Mas isso não tira o valor dele, desvendem-no.
- Mais uma vez meus agradecimentos ao Saulo Barreto! Dessa vez não por uma sugestão direta mas, por me fazer pensar, se não fosse aquela conversa no MSN que terminou com lágrimas de felicidade às 2 da manhã, nada disso estaria escrito, esse tolo devaneio estaria aprisionado, pedindo uma oportunidade de sair. Valeu Saulo!

domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre cactos e outras coisas mais.



Brisa leve levantando pedaços de plástico; Movimento sublime, quase mágico, brisa que dá vida a objetos inanimados; Fazendo as coisas terem um movimento circular e leve, me faz ter vontade de diminuir meu peso para pairar no ar, na mesma leveza que meus cabelos. Quanta falta me fez essa ventania que me tranquiliza, essa atmosfera seca que me faz ter vontade de respirar fundo, despertar, mergulhar pra dentro de mim mesma; Me faz ter certeza que a vida é hoje.
Sol que me faz dar valor a sombra das árvores que sempre estão e sempre estarão ali a me esperar, enquanto houver sol; Cactos que fazem-me dar valor a força, lembrar que mesmo por baixo de uma terra árida e com vestigios de erosão, no fundo há oasis, que os resistentes e espertos cactos encontram como amostra da sua sabedoria em uma aparência arrongante e pomposa.
Ah, eu queria ser um cacto e não esse ser frágil de pele facilmente danificável, queria ser um cacto e mostrar minha exuberância, fazer pessoas acordarem no meio da viagem, às 5 da manhã e admirar minha beleza em baixo de um céu azul-alaranjando, seus mil galhos escuros, por estar contra o sol na aurora matinal, que pena que esse ser frágil não tem olhos que tiram fotos, só registra por segundos e muito mal registrado, em baixo de muitas lentes. Queria ser um cacto e estar em contato, não precisar de registros, ser fidedigno; não apreciar a natureza, mas ser na melhor conjugação do verbo estar, na melhor forma de inserção; Não só parecer , ter tantas dúvidas e vegetar. Distante de analogias. Vegetar de forma vegetal; Sugar o néctar terrestre, esnobar o sol e melhor: Não dá sombra para criaturas frágeis que se acham fortes.