segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Post nascido de um tweet.

Imagem: Angel Estevez

Sabe quando você tá super confortável em algum lugar aí se levanta para fazer algo, retorna e jamais acha a posição de conforto? Dá vontade de permanecer sempre no estado de inércia sem que nenhuma força de resultante diferente de zero interfira no meu estado.

Temo que isso seja apenas uma analogia a complexidade das relações. As vezes não há ordem depois do caos e bagunçamos a casa sem saber por onde começar a por ordem nela novamente. Seria tirando a poeira ou arrumando os móveis? E se a inercia transformar-se em preguiça?

O estado mental que impede mudanças, seria covardia, inércia ou preguiça? Vontade não tenho de responder. Mesmo achando que, como diria Matingueiros "A vida é uma ciranda e não para de rodar". Roda roda e volta pro memo lugar, acorrentados por vontade propria (ou não). Digo eu.

Sentir-se prisioneiro de si mesmo, estrangeiro em todo lugar, um andarilho que não tem pra onde voltar, todo lugar é seu lar e ao mesmo tempo lugar nenhum.

Todas ocasiões podem ser eu, mas ao mesmo tempo coisa alguma, uma vitima da liberdade que nos mantém prisioneiros. Nascendo da arte de contemplar o nada e não saber o que fazer.

domingo, 19 de setembro de 2010

Cheia de vazio.



Neste, não me incomodarei com estilos ou temas, sentimentos não tem estilos ou temas, são apenas coisas amorfas e indescritíveis, cujo significado sempre escapa, nunca dá pra saber se esta sentindo mesmo aquilo ou é apenas mais uma ilusão.

Pois minha ilusão dessa vez faz alusão à angustia de se deparar com o nada. O nada das palavras, o nada do sentido, o nada da falta de possibilidade de criar oportunidades. O nada que embaça meus olhos e faz mais uma vez toda possibilidade sumir."O vazio é o mecanismo de transporte pra quem tem coração cheio" - Cheio de palavras não ditas, sentimentos não externalizados, cheio de vazio.

O buraco negro do irremediável, da tolice de querer tirar a ordem natural das coisas. A impotência diante de fatos inesperados, só os ensinamentos são imortais, pessoas nem tanto.

O nada de não poder dizer adeus nem obrigada, o vazio de ter estado tão longe, a angústia de saber que o tempo não volta. A crença de que isso pode acontecer muitas vezes, a vontade de agradecer a existência de cada um. Disso nasce e morre essa tentativa de texto, do abafado silêncio, da implosão da dor, da impossibilidade do adeus.

Dedico a alguém, que ninguém precisa saber quem, mas esse alguém é parte integrante do que sou e estará internalizado em mim, foi por esse alguém que eu tive coragem de fazer escolhas felizes, de ter vontade de questionar o mundo ao meu redor. Foi esse alguém que me fez ter a vontade de escrever renovada, foi esse alguém que me fez olhar pro que eu escrevo e ter orgulho, enfim... Indiretamente todo meu blog é dedicado a ele que me fez ter vontade de me colocar nas coisas, evitar a utópica imparcialidade de textos onde os autores não se mostram. Obrigada por tudo e desculpa por nunca ter lhe dito o quanto és e sempre será especial. <3

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

{falta de} Inspiração.


Ando ocupada em demasia, na busca da minha suposta felicidade que talvez não seja o mesmo conceito aristotélico mas uma reinvenção chula com apenas embasamentos, ou quem sabe eu não esteja numa busca por doutrinas de vida que possam reger meu rodo cotidiano. E nessa de teorizar tudo, acabo esquecendo que muitas das vezes eu não me encaixo em teorias e isso acaba por matar toda inspiração, toda essência, toda vontade, talvez por pensar em temas, acabo não tendo-os.

E só em dizer que não quero mais escrever, só de cogitar a morte da proposta inicial desse blog, (de ser apenas tolos devaneios) ponho-me a escrever na tentativa de ressucitar o então quase morto. Sobre isso e outras coisas mais. E talvez essas outras coisas mais seja muito, talvez seja pouco, eu ainda não sei, só sei que tudo me parece meio metalinguístico e soa como se personagens reais surgissem a desenhos animados. Como se a mão do autor surgisse na obra, pra dialogar com ela própria.

Ponho-me a pontuar então sobre a falta de inspiração e a busca de sentido. Leio , e tudo parece meio alheio, as idéias me escapam, o sentido mais ainda, apenas surgem idéias fujonas e egocêntricas que jamais querem ser registradas mas estão lá, são parte de mim mas agem com se assim não quisessem.

Inicialmente é angustiante, o que há comigo, deixando tudo escapar dessa forma? Onde está meu remédio do pensar? Certa vez ouvi dizer que o mundo das idéias é perfeito, mas não é homem, assim, mais uma vez critico minha pseudo-racionalidade e como penalidade ponho-me a não mais teorizar, mesmo que momentaneamente, desde que não seja intencionalmente, creio então que a inspiração fugiu de mim por sentidos concretos, quis moldá-la, domesticá-la, vigiá-la e puni-la por sua existência, quis trazer algo livre para o mundo das prisões, mil perdões. Volte se quiser. Papel em branco, pensamentos fujões, falta de tema, são formas de perdi perdão, mas não mais tentar aprisionar, repito, volte se quiser.

Se me perguntares no que penso ao escrever, eu posso dizer que é no nada e essa é a condição sine qua non para eu discorrer sobre qualquer coisa. Obrigada espírito de seis asas sem pés nem cabeça nem cauda, que não se assemelha a coisa nenhuma e habita a milhões de léguas do Sol, numa estrela. (In: Voltaire, Mêmnon ou a sabedoria humana) Agrdeço por clarear-me as ideias, dizendo que a felicidade não encontra-se na busca de tolos projetos.

E que as idéias continuem no mundo das idéias e que os projetos continuem no mundos dos projetos e as buscas cegas continuem no campo das buscas cegas e viva à aleatoreidade que pode ser causadora da espontaneidade e à inevitavelmente falta de coesão e o medo de olhar pela janela.

Ps: Algumas ideias removidas do estudo do conto Mêmnon ou a sabedoria humana de Voltaire e das aulas de filosofia.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Paisagem decaída.


Paisagem decaída. Fadada ao abandono e ao desprezo de olhares desatentos, ou atentos demais a algo que não a excentricidade abandonada logo atrás de si.

Pois ponho-me a escrever sobre ti. Não que sejas belas ou especial mas por que me atrais, sem motivos especiais a priori.

Poderia, como os outros estar concentrada na leitura que abre portas para um futuro não tão distante assim ou simplesmente me livrando de coisas inacabadas e atrasadas. Mas dedico a ti uns minutos do meu dia. Seja por escape ou por ser inevitável.

Mas vejo verdes quase flutuantes, sustentados por marrons quase negros e tão finos que me pergunto se não estais traindo as leis da física. Vejo o que um dia foi branco e hoje é apenas um tom entre bege e escarlate; Amarelo e cinza, encoberto de mais verdes escassos. Vejo flores solitárias que também dançam, querendo se enturmar, vejo cinza também no alto, que encobre o que um dia foi azul. Olhando mais além não vejo fim, talvez pelo ângulo, talvez por esse lugar ser mesmo, como eu supunha, dotado de misticismo.

Algo estraga o retrato quase estático... Movimento de uma matéria cor-de-grafite sustentada por círculos negros, que tira toda monotonia pacífica, mas logo se vai para dá lugar a algo branco, com movimentos naturais bem como os das flores, mas com mais mobilidade, por não ter raízes.

O relógio a minha frente me faz o intimato. Preciso voltar a esquecer o retrato e ser alguém desatenta ao universo paralelo, logo ao lado.