segunda-feira, 12 de julho de 2010

Garotas, mulheres, espelhos e o tempo.



O tempo passou e ela se perguntou o que havia mudado. Dessa vez o espelho encarregou-se de dá as respostas. Não só com imagens de uma pessoa cujo tempo se encarregou de lapidar, mas com outra imagem que nela, despertou um interesse súbito: Aquela expressão incógnita que estava estampada em seu rosto, —O que eu me tornei? Indagou-se —Como isso foi acontecer? E iniciando sua dissecação mental, percebeu que aquele antigo aspecto de preocupação e tensão fora substituído por uma expressão serena que acompanha uma atmosfera de pseudo conformismo. —Não em todos os sentidos. — ponderou, já que nem sempre ela se deparava com o que ela nomeou de cara de paisagem. Recorreu então a uma linha do tempo simplista, de acontecimentos corriqueiros e chegou à conclusão que, situações que dantes eliciavam o medo e insegurança, hoje traziam consigo um bônus: a capacidade de ser serena. O que antes era uma necessidade, se torna hoje uma habilidade, tão automática que é como se ela houvesse sido testada antes. —Não posso dizer que estou mais calma, ou que estou anestesiada, apenas sinto menos, e isso é bom. Creio que aprendi o sentido da expressão deixar o tempo curar. —Sei, mulher-menina, por te conhecer tão bem que, quando você diz isso, não é como um ensaio de um discurso clichê romântico, na expressão”deixar o tempo curar” mas sim diz isso na tentativa de expressar a forma mais simplista de expressão: A ação. Sei que o tempo apenas passou, as feridas cicatrizaram, a ansiedade amenizou, mas não curou. Ah, maldita ansiedade que desaparece nunca, se juntas descobríssemos a cura, seriamos mais ricas que o fabricante do rivotril, mais felizes que as nuvens livres que passeiam pelo céu, mais realizadas que o autor de uma canção que canta como se o canto aliviasse a dor do coração.
Ela resolveu dá início a mais outra etapa da dissecação mental, a pergunta da vez é: Onde está aquela garota que queria mudar o mundo? Lembrou-se de uma resposta, que encontrou há um tempo, automaticamente, enquanto via mais um pôr-do-sol: —Creio que não esteja esquecida ou adormecida, mas talvez substituída e com valores reformulados. Talvez a garota cheia de ideais tenha se transformado numa mulher que sabe que o mundo é grande demais para ser mudado, mas pequeno demais para as infinitas possibilidades. Talvez eu tenha me transformado em alguém que cansou de se espelhar nas pessoas e que hoje olha profundamente para seu próprio reflexo no espelho. — Talvez por isso aquela mulher-menina (e não mais menina-mulher) goste tanto te espelhos e siga sempre uma canção em mente: “Não vou me adaptar”. Mas será mesmo que ela não vai se adaptar?
Sugestão do texto: Saulo Barreto.

6 comentários:

Felipe Costa disse...

... Sinceramente, sem palavras. Só posso agradecer a Saulo por sugerir o tema desse texto espetacular.
Keep goin' on. :)

Saulo Barreto disse...

caham caham, alguém leu os créditos lá embaixo?kkk pois é né, a ideia foi minha hahaha.Que belo texto Núbia vc mostrou muita habilidade com as palavras, foi um texto profundo e reflexivo,um dos melhores que eu já vi em blogs.

Caroline disse...

Sério, adorei *-* como eu disse, tem uma ponta de Clarice Lispector, e adoro textos assim :3

Roberta Seabra disse...

C.A.R.A.L.H.O *-------------*
Ficou de fudê mermão ! GASYGIDAYA
Eu sempre soube que Nubiazeenhaw escrevia bem cara (H). Tirando onda (H) é nois piveta :D

Jess disse...

...
Eu ia tentar fazer um coment bunito...
mas eu fico se palavras e é além do meu limite
Um texto reflexivo e complexo para mim comentar -Q

Nuh ahazando ;O
Continue assim *o*

GG disse...

"Elementar", minha cara,"elementar".