segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Re[In]spiração.


Ando na busca de sentido; Nas linhas me embaraço.

Na insaciável tentativa de dizer-te o que jamais foi dito. Gritos dissonantes do passado, transfigurando-se em mundos distantes de onde o sentido escapa.

Desligo-me do grito aflito esporádico, na tentativa de pintar o invisível. Fujo de clichês, busco humanizar o humano escondido no cotidiano.

Convoco as cores, flores e melodias, na tentativa de construir o inesgotável.

A inspiração me parece um relâmpago: num instante surge iluminando tudo ao redor, noutro foge na astuta velocidade da luz. Mais rápido que a velocidade dos meus dedos, mais rápido que a velocidade do meu pensamento.

E nessa corrida desesperada o que resta é o tempo perdido e as cinzas pelo ar, sem letras ou tentativas, Que se põem a vagar.

Calmaria ou turbilhão? Os devaneios não querem escapar.

Frases soltas sempre ecoam. Temas, versos, fatos, unidos na tentativa de pintar retratos cuja tinta insiste em escorrer pelos lados.

A pintora sem tinta ou pinceis, a que tenta escrever e nem ao menos sabe fazê-lo, a contempladora do nada, a jardineira sem jardim. A que perde versos pela eternidade, a vencida pela tecnologia dos códigos binários. A caçadora de devaneios tolos.

6 comentários:

Saulo Barreto disse...

Isso poderia ser uma abertura para um filme " núbia- a caçadora de devaneios{tolos}"hehe legal!

Gutor disse...

Que foi que deu na gente? Escrevendo sobre o que somos...
Legal...

Diferente de você eu não fujo de clichês (Ou são eles que insistem em me acompanhar rsrsrs)

Massa...

Abraços

Felipe Costa disse...

"[...] sem tinta ou pinceis, a que tenta escrever e nem ao menos sabe fazê-lo [...]" Não? Não mesmo? Tá. As melhores tintas são aquelas feitas com suco de limão, destinadas aos poucos que andam com uma lanterna especial a dar luz à algo especial e belo.

DJO~ disse...

Talvez a inspiração seja realmente isso. Ou talvez um termo que criamos para não admitir que só nos sentimos "inspirados" sob certos estímulos que as vezes nos são incômodos (é o que acontece comigo!).

Correr atrás de tolices é da natureza do seleto grupo de humanos que pensam.

Alexandre H. Reis disse...

O angustiante exercício de escrever e saber, ao ao fazê-lo, que aquilo que demais profundo é posto do lado de fora é apenas uma invenção de si mesmo... Que lá no fundo do abismo há apenas o vazio e o deseperador "nada". Escrever para se inventar, ou constantemente se reinventar... beijos, querida.

Firefly disse...

Brincar com as palavras se torna sério quando é você que escreve. Astuta e armada com gumes afiados. É interessante apreciar sua filosofia, porém mais interessante ainda é compartilha-la contigo.