quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Da maré.



Não sei de onde vem a calmaria ou a melancolia. Mas a calmaria pra mim é estrangeira. Por que não há produção na inércia sentimental ou na alegria? Ponho-me então a escrever linhas tortas e sem sentido, a nível de comparação com o que dantes era cotidiano. “Sou um móbile solto no furação, qualquer calmaria me dá solidão.”¹

Penso e esqueço o que pensei, sorrio e não sei o motivo. Faço coisas que outrora não imaginei que faria. Esse sentimento é alheio, como havia dito. Por isso fico esperando o que está por vir. Convivo com ele como quem hospeda um estranho com casa. Sempre com o pé atrás, sempre observando cada pista ou sinal de mudança de comportamento. "Porém, avisa que é de se entregar o viver."²

Mas, enquanto isso deixo a brisa bater, deixo a atmosfera densa e estranhamente leve me tocar, deixo os afazeres para lá. Vivo com esse sorriso bobo, sempre observando o sentido escapar. Onde está a essência? Só consigo tocar o vácuo do que passou, o intocável, invisível, o vazio que restou. Como alguém que contempla a noite sem ter passado pelo espetáculo do pôr do sol. Mas mesmo assim, admira conformado a beleza das estrelas.

É, pode ser que a maré não vire. Pode ser do vento vir contra o cais. E se já não sinto teus sinais. Pode ser da vida acostumar. ³
Cansada de falar do que sempre falo, de dá murros em pontas de faca e talvez com espírito de conformismo. Pois é, deixa assim como está tão sereno. ²
Por que só a música pode traduzir. ;)
--
¹ Paulinho moska - Um mobile no furação
² Los Hermanos - Pois é
³ Los hermanos - Os barcos

2 comentários:

Felipe Costa disse...

"É... pode ser que amar é não vir e..." Semprei gostei da ambuiguidade (não sei se intencional) que essa frase me remete...

Calma, calmo, como o mar? Talvez :S
Texto bem reflexivo '-'

Unknown disse...

Muito bom...
Não sei o que dizer...

Gostei da trilha do texto!

abraços